Cirurgia plástica na adolescência - Dra. Marina Felca
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A adolescência é uma fase de transformação. Durante esse período diversas mudanças psicológicas, físicas e sociais acontecem. O crescimento ganha um novo ritmo, acelerado, e o corpo perde gradativamente as características infantis, adquirindo formas e dimensões mais maduras. Meninas adquirem suas novas curvas com o surgimento dos seios, alargamento dos quadris, assim como pelo depósito de gordura em determinadas regiões, como coxas, abdome, glúteos e quadris. Nos meninos o mais marcante é o desenvolvimento da musculatura em região peitoral, braços e pernas. Em ambos os sexos surgem os pelos e mudam as dimensões faciais.

Em meio a tantas mudanças, com muita frequência o adolescente perde a sua referência de corpo e passa a não se reconhecer no espelho. Assim o número de adolescentes que buscam cirurgias plásticas tem aumentado muito nos últimos anos.

 

Os adolescentes podem se submeter a cirurgia plástica?

Sim, os adolescentes podem se submeter à cirurgia plástica, mas diversos aspectos devem ser previamente avaliados, como a maturidade física e emocional.
Uma das características dessa fase da vida é o imediatismo. Para os jovens o importante é o aqui e o agora e a sensação é de que não se têm tempo a perder. Tudo o que querem são soluções mágicas e rápidas para os seus problemas. Suas motivações devem ser avaliadas cuidadosamente, assim como devem ser discutidos todos os prós e os contras.

 

Quando indicar uma cirurgia plástica a um adolescente?

Alguns adolescentes realmente têm indicação de cirurgia plástica. Características que estejam provocando transtornos do comportamento devem ser cuidadosamente avaliadas e, caso se conclua que beneficiarão o paciente no que diz respeito à sua autoestima e desenvolvimento da personalidade, indica-se a correção.

 

Quando fazer a cirurgia?

Uma vez que o início da puberdade não tem uma data única para acontecer, mas pode ocorrer dentro de um período de alguns anos, fica difícil estabelecer uma idade específica ideal para cada procedimento cirúrgico. A decisão tem que ser baseada em avaliação da maturidade física e emocional de forma individual. As cirurgias de orelhas são as únicas que podem ser realizadas desde o início da adolescência, ou até antes dela, pois o crescimento do pavilhão auricular ocorre na primeira infância, até em média os sete anos de idade.

Cirurgias faciais, como as de nariz, queixo, mandíbulas e maxilares devem aguardar o crescimento ósseo completo, sob risco de alteração dos resultados caso ainda ocorra modificação do rosto após o procedimento.

Cirurgias dos seios, tanto a redução quanto a colocação de próteses, devem esperar o fim do desenvolvimento mamário, que costuma acontecer cerca de dois a três anos após a menarca (primeira menstruação).

Aos adolescentes do sexo masculino com ginecomastia (aumento da glândula mamária, ocorre em cerca de 50% dos adolescentes durante o período de estirão), deve ser explicado que na maioria dos casos a regressão é espontânea em cerca de dois anos, não sendo indicada a retirada cirúrgica. Esta só é realizada diante de repercussões psicológicas importantes ou da não regressão total após esse período.

Com relação à lipoaspiração, além da necessidade da espera da maturidade física, é muito importante avaliar a maturidade do adolescente, uma vez que é um procedimento bastante doloroso e que exige muitos cuidados pós-operatórios. Deve ficar muito claro que a cirurgia não tem utilidade para o emagrecimento, apenas para a redução de gorduras localizadas. Pacientes com sobrepeso ou obesidade têm que ser orientados a perder peso antes de qualquer decisão. Submeter jovens em fase de crescimento a esse procedimento apresenta risco de alteração do resultado final a longo prazo.

A tomada de decisão para a realização de uma cirurgia plástica na adolescência tem que obrigatoriamente passar pelos pais ou responsáveis pelo jovem, pela avaliação de um cirurgião plástico capacitado e pela análise da sua maturidade física e emocional. É preciso entender qual é sua motivação e o que espera como resultado final do ponto de vista físico, social e emocional.
Ao adolescente tem que ficar claro que a cirurgia plástica não fará mágica na sua vida social ou no modo como é visto por seus colegas – que isso depende de uma infinidade de fatores e não apenas do seu visual – e que a sua intenção de se submeter a ela deve ser por vontade própria e não por pressão da sociedade.

 

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Marina Felca
Marina Felca
Atua na cidade de Americana - SP e atualmente compõe o corpo clínico do Hospital São Francisco, Hospital São Lucas e Hospital Unimed.

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